É preciso visitar para saber. Todos os anos, o Algarve, pequeno retângulo localizado no sul da Península Ibérica, onde abundam casas de sonho, praias paradisíacas e resorts de golfe, monopoliza páginas em revistas e guias do mundo inteiro. E todas as publicações dão a mesma garantia: aquela região do sul de Portugal que alberga 113 praias mediterrânicas em menos de 5000 km2, e que oferece calor durante mais de 300 dias por ano, é o destino de férias favorito de milhares de pessoas espalhadas pelos cinco continentes, incluindo dezenas de celebridades. Mas o Algarve, eleito o melhor destino de praia de 2021 pelo World Travel Awards, ainda é só isso, o lugar onde se recarregam baterias, ou já é muito mais do que isso?
Durante vários anos, desde o início dos anos 60, aquele território rimava com verão, e parecia quase um segredo descoberto pelos ingleses - os primeiros estrangeiros a apaixonarem-se verdadeiramente por lugares como Albufeira, Vilamoura ou Quinta do Lago, em Loulé, junto à Ria Formosa -, que se bastavam com o mar e o sol, quando ali não havia mais nada - nem sequer aeroporto. O aeroporto internacional de Faro só seria inaugurado em 1965. Fruto desse investimento, o primeiro milhão de turistas foi alcançado na década de 70 - hoje são sete milhões de turistas estrangeiros por ano, ou dez milhões, se contarmos com os portugueses. É nessa altura, em 1972, que o luso-brasileiro André Jordan descobre o Algarve, e é graças ao espírito visionário desse empresário, agora com 90 anos, que se deve grande parte do desenvolvimento económico, social e cultural da região.
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“O Algarve era muito pobre, não tinha nada. Não havia comércio, apenas algumas mercearias familiares, não havia cinemas e muito menos museus ou bibliotecas. Não tinha nada relacionado com turismo. O que mais se via eram carroças nas estradas. Era uma realidade bastante patética”, lembra André Jordan ao semanário Sol. Os meios de subsistência da população eram escassos: “Era a pesca que sustentava as pessoas. Havia algumas fábricas de conservas de peixe, sobretudo de sardinha. A agricultura era muito básica, vivia do cultivo da laranja”, continua o empresário que construiu os primeiros empreendimentos turísticos no Algarve. Por outro lado, diz, havia coisas difíceis de entender. “Quando cheguei, existiam três campos de golfe, mas não havia jogadores. No inverno, apareciam alguns estrangeiros para jogar, mas não fazia parte do circuito de golfe." Hoje, Portugal tem 90 campos de golfe, metade desses campos está no Algarve. E é no Algarve que reside o campo de golfe mais premiado do país: fica em Lagos e é o Onyria Palmares Golf.
Nessa longínqua década de 70, Praia da Rocha, Armação de Pêra, Albufeira, Lagos e Praia da Luz eram os destinos preferidos dos estrangeiros. Diz-se que havia tantos ingleses na Praia da Luz, que eles chegaram a hastear a bandeira do seu país nos aldeamentos. O Algarve era também o destino de quem fugia da Guerra Civil de Espanha (1936-1939) e de quem acreditava que os banhos de mar curavam a ansiedade e outras maleitas. Dali a tornar-se no centro nevrálgico de festas do jet-set nacional e internacional foi um passo. A família Grimaldi do Mónaco, por exemplo, passa ali as férias desde os tempos de Grace Kelly. A cantora Bonnie Tyler comprou casa em Albufeira e tem o seu iate atracado em Vilamoura. A brasileira Adriana Galisteu viveu numa moradia do meio dos 645 hectares que perfazem a Quinta do Lago com o piloto Ayrton Senna. O ator canadiano Keanu Reeves, estrela de Matrix, passa férias em Tavira.
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Mas atualmente não são apenas os famosos ou as figuras da realeza que não vivem sem o Algarve, são também os milionários que não duvidam da excelência do investimento naquele território. Não estranha, por isso, a quantidade de empreendimentos novos , de elevada qualidade que ali continuam a nascer. São apartamentos com vistas sobre o mar, rio e campo, com piscinas privadas, ginásio, jacuzzi e sauna e outras comodidades. Veja aqui.
Ou seja, o Algarve está irreconhecível e mais apetecível que nunca. Nas últimas duas décadas, mudou quase tudo nos 16 concelhos algarvios. Os estrangeiros que ali chegam hoje, e que já não são só do Reino Unido ou do Norte da Europa, já não se satisfazem ao permanecer ali uma temporada, a ambição é a de comprar casa e ficar ali para sempre. O Algarve já não é uma estância balnear, é um porto seguro para o ano inteiro. Os inúmeros serviços de luxo não deixam margem para dúvidas sobre a qualidade de vida em todas as estações do ano: 13 colégios internacionais, mais de 40 campos de golfe, quase seis mil hotéis, centenas de restaurantes com gastronomia de alta qualidade (cinco com estrela Michelin), imobiliário de luxo extremo, segurança e tranquilidade máximas, e uma quantidade impressionante de ilhas e lugares de visita obrigatória, como a Gruta de Benagil. Mas o que é mais extraordinário é o facto de o Algarve ter conseguido manter os recantos, os segredos e os espaços de silêncio e privacidade, mesmo em lugares públicos. As vilas piscatórias, pitorescas e pequenas, não continuam ali. As tascas onde se come peixe fresco, também. As pequenas mercearias, os barcos de passeio, a hospitalidade das pessoas, nada disso mudou. Muito menos aqueles imbatíveis finais de tarde com longuíssimos pores de sol.
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